Ato em desagravo ao roubo do bronze de Hahnemann conquista apoios e homeopatas oferecem recompensa por informações

No domingo (12/1), artistas, historiadores e profissionais da homeopatia fizeram um ato de desagravo em frente ao que restou do monumento de Samuel Hahnemann (fundador da homeopatia em 1779), no parque Farroupilha (Redenção), em protesto ao roubo da obra.

A diretoria da Liga Homeopática do Rio Grande do Sul (LHRS) liderou a ação, colocando um laço preto e plantando flores na base do monumento. Um cartaz colado no local anuncia que a entidade está oferecendo uma recompensa para qualquer informação sobre o roubo da obra.

Segundo o médico Ben-Hur Dalla Porta, diretor científico da LHRS, a ação visou alertar as autoridades e a própria população para a depredação do patrimônio histórico de Porto Alegre. “Trata-se de uma perda irreparável para os homeopatas gaúchos. O monumento furtado é a mais antiga homenagem à homeopatia, inaugurada em praça pública na América do Sul, tendo completado 70 anos em 2013”, lamentou. O médico lembrou que em novembro de 2013 a LHRS havia mencionado a vulnerabilidade do busto de Hahnemann e solicitado providências à Administração do Parque Farroupilha, quando do roubo do bronze de Licínio Cardoso (homeopata gaúcho de reconhecimento mundial).

Dalla Porta também frisou que, além da perda da obra em si, ficou um vazio na memória dos homeopatas gaúchos. “Desde a inauguração, em 1943, a homenagem à herma de Hahnemann era uma tradição em 21 de novembro – Dia Nacional da Homeopatia”, destacou.

Apoios
Presente no ato, a vereadora Lourdes Sprenger (PMDB) afirmou que o roubo da obra precisa de uma investigação mais séria por parte do setor Memória Cultural da prefeitura e questionou: “como a questão está sendo conduzida pela Guarda Municipal – que tem a seu encargo a vigilância de praças e parques, ou junto à Polícia Civil e Brigada Militar?”.

O professor José Francisco Alves, do Atelier Livre da prefeitura, voltou a frisar que ”há uma nova onda de roubos de peças artísticas sem precedentes na história da cidade”. Autor da obra “A Escultura Pública de Porto Alegre – História, Contexto e Significado (2004), Alves está reunindo material para “um possível livro sobre o fenômeno mundial da destruição da Arte Pública em Porto Alegre.”

Em 16 de janeiro, Lourdes Sprenger utilizou a tribuna da Câmara Municipal de Porto Alegre durante a Comissão Representativa, para pronunciamento sobre os furtos e vandalismos de esculturas públicas na capital. “Na semana passada participei de um protesto ao lado de médicos, artistas e historiadores, no Parque Farroupilha, junto ao local de onde foi furtada a escultura do médico alemão Samuel Hahnemann, o pai da homeopatia. O busto do médico, homenageado por Porto Alegre, lá estava desde 1943, portanto há 71 anos, de frente para a avenida João Pessoa, uma das mais movimentadas da cidade. Feita em bronze, pesava mais de 100 quilos e foi serrada, operação que consumiu no mínimo 30 minutos. Mas ninguém viu, ninguém percebeu a ação dos ladrões”, descreveu. Cobrando uma atitude pró-ativa do poder público, a parlamentar concluiu seu pronunciamento: “Diante da falta de um plano estratégico que preserve as estátuas, monumentos e esculturas de Porto Alegre, resta-nos clamar a quem tem a responsabilidade de garantir a integridade deste patrimônio, no sentido de agir com presteza, dedicação e senso público. Caso contrário, esperaremos pelo pior, inclusive com o risco de perdermos a estátua-símbolo desta cidade, o Laçador, tudo pelo desleixo e pelo descaso. Lamentavelmente!”

Gelcira Teles

Foto: Sérgio Dalla Porta